Entre 2012 e 2023, o paĂs registrou 9.875 casos do crime, seja na medicina, na ĂĄrea dentĂĄria ou farmacĂȘutica. No Poder JudiciĂĄrio, foram 6.189 novos processos do tipo. Delegacias de PolĂcia Civil registraram 3.337 boletins de ocorrĂȘncia. Os dados foram coletados com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Poder JudiciĂĄrio nos estados e as polĂcias civis das 27 unidades da Federação por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).
O Rio de Janeiro é o estado com o maior nĂșmero de registros nas delegacias de PolĂcia Civil: 937 ocorrĂȘncias. Desse total, 11 resultaram em morte: cinco na capital fluminense, e 31 ocasionaram lesão corporal grave. O tribunal do estado é o que mais registrou processos novos no ano passado (74).São Paulo vem em segundo lugar, com 528 ocorrĂȘncias policiais. A maior parte delas acontece no interior do estado. Minas Gerais aparece na sequĂȘncia, em terceiro lugar, com 337 ocorrĂȘncias.
A instituição alerta também para a subnotificação de casos. Cinco estados não encaminharam as informações solicitadas: EspĂrito Santo, Pernambuco, PiauĂ, Rio Grande do Sul e Alagoas. No caso desse Ășltimo, não hĂĄ dados na base antes de 2021. Segundo o CFM, o Rio Grande do Sul enviou dados amplos que não possibilitaram recorte especĂfico. Alguns não tĂȘm dados atualizados, nem uma base histórica com informações desde 2012.
O exercĂcio ilegal da medicina é crime previsto no artigo 282 do Código Penal, com punição de 6 meses a 2 anos de multa.
O presidente do CFM, José Hiran Gallo, disse que a sociedade precisa estar constantemente informada dos perigosos de se submeter a procedimentos médicos realizados por profissionais sem a devida capacitação.
"Em caso de dĂșvida, vale consultar os sites dos Conselhos Regionais de Medicina ou do CFM para saber se o profissional tem o registro de médico e se ele estĂĄ ativo. Nós sempre dizemos: fuja de promessas milagrosas, principalmente aquelas divulgadas nas redes sociais", afirmou.
No caso de irregularidades, a recomendação é denunciar na polĂcia e nos conselhos de medicina, para que também seja aberta apuração administrativa e encaminhamento para os demais órgãos.
O CFM destacou alguns casos recentes de prĂĄtica ilegal da medicina que tiveram maior repercussão. Em fevereiro deste ano, um dentista foi preso no Recife, por dar cursos proibidos de reposição hormonal. Em agosto do ano passado, a polĂcia começou uma investigação em Goiânia sobre uma mulher que provocou lesão corporal em pacientes em clĂnicas de estética. Na mesma cidade, em novembro, foi aberta investigação contra quatro dentistas, que realizavam procedimentos estéticos exclusivos de médicos.
Em Coroados, no interior de São Paulo, uma mulher foi presa por usar registro profissional de outra médica e chegou a atender 30 pacientes em Unidades BĂĄsicas de SaĂșde (UBS). O caso foi registrado em março deste ano. Em Divinópolis, no centro-oeste de Minas Gerais, uma biomédica foi detida em maio de 2023 por provocar a morte de uma paciente durante cirurgia ilegal.
Fonte: AgĂȘncia Brasil