Selma critica ação contra Moro; 'sem pé, nem cabeça"

Juíza aposentada e senadora cassada em 2021, Selma Arruda, vê semelhanças no seu processo de perda de mandato com o julgamento do senador pelo Paraná, Sérgio Moro (União-PR). Segundo ela, ambas ações são idênticas por sua "monstruosidade".

É a mesma coisa. É uma ação sem pé, nem cabeça que foi feita por vingança e retaliação da classe política", disse a magistrada aposentada que ganhou o apelido de "Moro de Saias", ainda quando era juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá e julgou vários crimes de "colarinho branco".

Selma ainda afirma que tem acompanhado, via imprensa, o julgamento da Corte Eleitoral do Paraná, e observa as semelhanças no desejo da classe política em ver Moro cassado, assim como os políticos mato-grossenses tiveram no seu caso, pontua.

Questionada se acredita que Moro terá o mesmo desfecho que teve, em menos de um ano após ter sido a senadora mais votada do Estado em 2018, Arruda é taxativa em dizer que o destino do ex-juiz da Lava Jato está selado.

"No Estado do Paraná, acredito que ele deverá até conseguir uma vitória no TRE [Tribunal Regional Eleitoral] de lá, porque ele tem muito apoio no Estado dele ainda. Mas, no TSE [Tribunal Superior Eleitoral], infelizmente ele não terá essa sorte e será cassado", completou.

O julgamento da ação que pede a cassação de Moro está empatado em 1 a 1 no TRE paranaense. O julgamento será retomado nessa segundafeira (8). Tanto o PL quanto o PT ingressaram com o pedido de cassação contra o ex-Lava Jato por suposto abuso de poder econômico. A tese é de que Moro fez pré-campanha presidencial e depois disputou o Senado, o que lhe favoreceu, já que teria gasto 100% a mais do seus adversários no Senado.

Vida de aposentada
Selma Arruda afirma que está aproveitado a vida de aposentada e que não pretende retornar à política. Sobre a sua promessa de escrever um livro sobre os bastidores do que a levou para política e toda suas articulações e negociações até a sua eleição, a magistrada diz que ainda não é o momento. "Sempre me cobram isso porque eu disse que faria. Mas esse projeto continua de pé", disse rindo.

PT e PL citaram cassação
Na ação movida contra Sérgio Moro, o PT e o PL citaram a cassação de Selma Arruda por suposto Caixa 2 e abuso de poder econômico, já que ela se beneficiou de serviços tipicamente eleitorais em período vedado, relacionando o caso à conduta de Moro.

Selma Arruda ficou conhecida nacionalmente como "Moro de Saias" por conta da sua atuação como juíza que culminou na prisão do ex-governador Silval Barbosa e do ex-presidente da Assembleia Legislativa (ALMT), José Riva.

Selma foi condenada por caixa 2, abuso de poder econômico e captação ilícita de recursos durante a campanha de 2018. Em abril de 2019, o Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso (TRE-MT) cassou o seu mandato por unanimidade. Já em dezembro do mesmo ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), manteve a cassação por 6 a 1.

Em abril de 2020, o Senado decretou a perda de mandato. Em seu lugar assumiu temporariamente Carlos Fávaro (PSD), que havia ficado em 3º ligar nas eleições de 2018. Ele assumiu após o Supremo Tribunal Federal (STF) acatar um pedido do governo Mauro Mendes (União) para que o Estado não ficasse com um representante a menos no Senado Federal.
Faváro foi eleito em novembro do 2020, durante pleito suplementar para a vaga. Selma Arruda está inelegível até 2028.