Apontado como solução rápida para um dos maiores escândalos entre obras públicas não entregues no país, o BRT (Bus Rapid Transit), parece que virou o "patinho feio" frente à possibilidade do reinício das obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT Cuiabano) na capital de Mato Grosso. Caciques políticos como o deputado estadual Júlio Campos (União) e o senador Wellington Fagundes (PL), ambos da base do governador Mauro Mendes (União), já avaliaram o peso político na troca do modal por parte do chefe do Executivo. O presidente da ALMT, Eduardo Botelho (União) preferiu não comentar sobre o assunto, "por falta de detalhes das negociações", mas também reconheceu que o VLT seria o melhor modelo "mais moderno".
O assunto foi "reavivado" pelo prefeito Emanuel Pinheiro após revelar a possibilidade do novo VLT ser assumido pelo governo federal numa obra estimada em quase R$ 5 bilhões. O modal pode ser patrocinado pelo novo Programa de Aceleramento de Crescimento (PAC) e segue em análise por parte da equipe técnica do Ministério da Casa Civil.
A intenção do prefeito de Cuiabá é reaproveitar as licenças ambientais, desapropriações e vagões do sistema antigo - que já foram pagos para a implantação do VLT previsto para a Copa de 2014 e que foram interrompidos após uma série de escândalos de corrupção, desvios de verbas públicas e que culminou na prisão do ex-governador Silval Barbosa e numa briga jurídica que deixaram verdadeiras "feridas abertas a céu aberto" nas cidades de Várzea Grande e Cuiabá - para a implantação do "VLT Cuiabano".
Em entrevista à Gazeta, Fagundes disse que a decisão de permitir o início das obras do BRT foi uma escolha política. "O prefeito de Várzea Grande foi convencido pelo governador de que o BRT era a solução mais adequada para aquele momento. Mauro achou que não conseguiria destravar o VLT e então optou pelo BRT. Mas eu particularmente creio que o modal mais moderno seja o VLT e sempre fui um defensor desse modelo, por ser mais moderno, menos poluente e estruturante", avaliou.
Já Júlio Campos emendou que a decisão de Kalil pode custar a sua reeleição. A declaração foi dada após ser questionado sobre a possibilidade do prefeito liberar o BRT na Avenida Couto Magalhães, uma das mais importantes vias comerciais da Cidade Industrial. "O Kalil perderia a eleição se ele autorizasse que o BRT entrasse com a quebradeira na Couto Magalhães. Ele ficaria derrotado politicamente e perderia a eleição para qualquer um. Isso ia ser um desastre porque a Couto não aguentaria essa quebradeira. Por lá passam rede de água, fios e internet", disse o cacique.
Fonte: Gazeta Digital