Emanuel diz que ex-diretor do Carumbé deveria ter sido preso em operação

Por Vinicius Mendes em 11/06/2024 às 11:53:10

Ao comentar a citação de autoridades no inquérito sobre a Operação Ragnatela, que mirou membros do Comando Vermelho envolvidos na realização de shows em Cuiabá, o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) afirmou que Winkler de Freitas Teles, ex-diretor do presídio do Carumbé, deveria ter sido preso em decorrência da transferência de detentos a pedido do Comando Vermelho. Emanuel, que é advogado por formação, considerou as provas colhidas pela polícia.


Várias autoridades foram citadas em conversas entre os alvos da operação, referentes a favores. Entre os citados estão Emanuel Pinheiro, o secretário de Ordem Pública Leovaldo Sales, o filho do prefeiro, deputado federal Emanuelzinho (MDB), assim como outros ligados ao Governo do Estado, como o deputado estadual Beto Dois a Um (União), o próprio governador Mauro Mendes (União) e o ex-secretário de Estado de Segurança Pública Alexandre Bustamante.

"As citações a mim, ao Emanuelzinho por exemplo foi mínima, não teve diálogo, não teve nada, eles se referem à gente, tem um diálogo meu [...] e acabou, não tem mais nada nosso, agora do Beto Dois a Um eles falam que vão procurar o Beto e vão apoiar para deputado, tem que ver se apoiou [...], tenho que ser coerente, encaro da mesma forma em relação a mim, não vi nada de estarrecedor".

Já ao analisar o esquema de transferência de presos da Penitenciária Central do Estado (PCE) para o antigo presídio do Carumbé, Emanuel afirmou que as acusações são graves.

"O que eu vi de estarrecedor foi o diálogo do [...] Winkler com um dos chefes do Comando, falando em dinheiro, falando em [...] transferência de presos, R$ 20 mil para cada um, dívida de R$ 100 mil, supostamente para o ex-secretário de Segurança, e que foi cumprida, rigorosamente, dias depois aquela transferência, gente, pelo amor de Deus, isso foi fato, não é comentário 'ah eu vi Emanuel Pinheiro, mandei uma caixinha de cerveja', tá bom, cadê a cerveja?", pontuou o prefeito.

Consta no inquérito que o policial penal Luiz Otávio enviou prints a Wilian Aparecido da Costa Pereira, apontado como "testa de ferro" de um dos líderes da facção, de conversas com Winkler em que o ex-diretor do Carumbé disse que o esquema conta "com a participação do 'secretário' e ele cobra R$ 20.000,00 por cada preso, fora a parte dele". Disse também que o dinheiro deveria ser entregue ao segurança do "secretário".

Wilian aceita a proposta e envia o nome de 5 detentos, todos da cúpula do CV, entre eles o primo dele, Paulo Witer Farias Paelo, o WT, e os conselheiros da facção Jonas Souza Gonçalves Junior, vulgo Batman, e Fabio Aparecido Marques do Nascimento, vulgo Lacoste. As transferências ocorreram com aprovação da Secretaria de Estado de Segurança Pública. Emanuel disse que não entende o motivo de não ter ocorrido o pedido de prisão de Winkler.


"Eu falo como advogado, como professor de Direito Constitucional, para decretar a prisão do Winkler [...], pelo diálogo, ali teve princípio, meio e fim. Teve o diálogo, a negociação e o cumprimento daquilo que se estava negociando, dias depois, teve todos os requisitos, todos os elementos para uma prisão preventiva, não deram. Aí falam 'ah é porque a Justiça é estadual', não, eu não quero acreditar nisso, até porque a maioria esmagadora da nossa Justiça Estadual, do nosso MP é correta, é honesta, é decente, mas pelo amor de Deus, não ter pedido a prisão ali é [...] estarrecedor, mas vamos aguardar as investigações".

Na decisão sobre a operação, a Justiça negou o cumprimento de mandado de busca e apreensão contra Winkler, por considerar que não ocupa mais a função de diretor de presídio, mas autorizou a medida contra o policial penal Luiz Otávio. Ele ainda suspendeu os dois de suas funções.

Operação Ragnatela
A Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Mato Grosso (FICCO/MT) prendeu na manhã de quarta-feira (5) um total de 8 pessoas e cumpriu 36 mandados de busca e apreensão em Mato Grosso e no Rio de Janeiro contra membros do Comando Vermelho que usavam casas noturnas em Cuiabá para lavar dinheiro do crime.

Ao todo, cerca de 400 policiais cumpre as ordens de prisão e de busca e apreensão. Há ainda sequestro de imóveis e veículos, bloqueio de contas bancárias, afastamento de servidores de cargos públicos e suspensão de atividades comerciais. As ordens judiciais foram expedidas pelo Núcleo de Inquéritos Policiais da Comarca de Cuiabá.

As investigações apontaram, por exemplo, que os criminosos que participavam da gestão das casas noturnas em Cuiabá utilizavam a estrutura para fazer show de cantores conhecidos, custeados pela facção criminosa em conjunto com um grupo de promoters.

Os acusados repassavam ordens para não que não fossem contratados alguns artistas de outros estados, com influência em outras organizações criminosas rivais, sob pena de represálias da facção.

Fonte: Gazeta Digital

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