Covid-19: vacina de RNA da Fiocruz tem eficácia em testes com animais

Por Onde A Fatos em 08/05/2025 às 15:26:28

A vacina contra a covid-19 com tecnologia de RNA mensageiro, que estĂĄ sendo desenvolvida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apresentou excelente eficĂĄcia nos testes em animais.

Os resultados foram semelhantes aos demonstrados pelas vacinas de mRNA jĂĄ disponĂ­veis no mercado, como as da Pfizer e da Moderna, segundo informou a coordenadora de Implantação do Hub Regional de Desenvolvimento e Produção de Produtos RNA, do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos - Bio-Manguinhos, PatrĂ­cia Neves.

Coordenadora de Desenvolvimento e Produção de Produtos RNA de Bio-Manguinhos/Fiocruz, PatrĂ­cia Neves. Foto - Fernando Frazão/AgĂȘncia Brasil

Neste momento, o instituto estĂĄ fazendo os testes laboratoriais de segurança, que devem ser concluĂ­dos em julho.

"Instalamos a primeira ĂĄrea de produção de boas p?aticas de fabricação de produtos RNA da América Latina. É um grande avanço para o Brasil e motivo de orgulho pra nós. JĂĄ produzimos trĂȘs lotes de controle e dois lotes de vacina, que estão sendo usados nos Ășltimos estudos toxicológicos. Não tivemos nenhum evento adverso grave, nem mortalidade dos animais", afirmou.

Para testar a segurança da vacina, animais estão sendo avaliados de forma "microscópica" para garantir que as substâncias usadas na produção não causaram nenhuma toxicidade aos tecidos e órgãos. Quando todos os experimentos forem concluĂ­dos, o instituto vai solicitar à AgĂȘncia Nacional de Vigilância SanitĂĄria (Anvisa) a autorização para inciar os testes em humanos.

Teste em humanos

A expectativa é que até o final do ano a agĂȘncia conceda a autorização para o inĂ­cio da fase 1 dos testes em voluntĂĄrios. Outras rodadas de testes em humanos devem ser realizadas até que o instituto possa pedir à Anvisa o registro do produto.

Apesar de não haver previsão para o término do processo, os primeiros resultados são "bastante animadores", de acordo com a coordenadora de Bi0-Manguinhos. Testes indicam que, em poucos anos, o Brasil terĂĄ uma vacina de mRNA contra a covid-19 altamente eficaz, produzida em território nacional por uma instituição pĂșblica. Isso significa que ela poderĂĄ ser adquirida pelo Ministério da SaĂșde a um custo bastante inferior.

O sucesso da vacina também vai comprovar a validade da plataforma de RNA mensageiro desenvolvida por Biomanguinhos, que utiliza uma nanopartĂ­cula lipĂ­dica para levar as informações genéticas do coronavĂ­rus até o interior das células do sistema imunológico. Essa molécula sintética "ensina" o sistema imunológico do organismo humano a produzir anticorpos para combater o vĂ­rus que causa a covid-19, caso a pessoa seja infectada por ele após a vacinação

Se a plataforma se mostrar efetiva, vai possibilitar que Biomanguinhos adapte a mesma molécula a agentes causadores de outras doenças, acelerando a produção de novas vacinas.

"A natureza do RNA e da nanopartĂ­cula que recobre esse RNA não muda. O que muda é a sequĂȘncia genética que estĂĄ dentro. VocĂȘ pode trocar pela sequĂȘncia do antĂ­geno de outras doenças e o processo de desenvolvimento é muito mais rĂĄpido", explica PatrĂ­cia

Mais quatro projetos de novos imunizantes jĂĄ estão em andamento, mas ainda em fase inicial, para prevenir a leishmaniose, o vĂ­rus sincicial respiratório (VSR), a febre amarela e a tuberculose. Contra a leishmaniose ainda não hĂĄ vacina, mas imunizantes de RNA para o VSR, a febre amarela e a tuberculose podem ser mais vantajosos do que as versões atualmente disponĂ­veis, aumentando a proteção e possibilitando a aplicação em pessoas que hoje tĂȘm contra-indicação.

PatrĂ­cia Neves destaca também a importância estratégica de um instituto pĂșblico brasileiro dominar essa tecnologia.

"É só a pontinha do iceberg porque o RNA tem emergido como uma molécula muito versĂĄtil e a gente tem vĂĄrios tipos de RNA, que tĂȘm outros papéis no desenvolvimento das doenças, e a gente pode utilizar como alvo e como produto para terapias para tratar tumores e doenças genéticas raras, por exemplo, e outras doenças que hoje são de difĂ­cil tratamento."

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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