Há 10 anos, o Janeiro Branco surgiu visando chamar atenção para os cuidados relativos à saúde mental e emocional da população brasileira. A campanha acontece anualmente no primeiro mês do ano e busca incentivar as pessoas a falarem sobre suas emoções, sentimentos e pensamentos, e a procurarem ajuda profissional caso necessário. Além disso, a campanha também visa combater o preconceito em relação ao tratamento psicológico.
Sabemos que os transtornos mentais envolvem distúrbios significativos no pensamento, na regulação emocional ou no comportamento. Estima-se que 1 a cada 8 pessoas no mundo vive com um transtorno mental. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), o Brasil é o país mais ansioso do mundo. Isso não diz respeito apenas devido à pandemia de COVID-19, mas a um conjunto de situações que nossa população enfrenta, como o desemprego, falta de segurança pública, desigualdade social, emergências de saúde pública, deslocamentos forçados e crises climáticas.
Em 2022, a OMS divulgou um relatório mundial sobre a saúde mental. Os Estados Membros da OMS adotaram um plano de ação sobre a saúde mental e se comprometeram a alcançar as metas mundiais relativas à melhoria da saúde mental da sociedade. Os governantes já sabem que investir na melhoria da saúde mental da população ajuda a proporcionar uma melhor saúde pública, atinge os direitos humanos e melhora o desenvolvimento socioeconômico dos países. A diminuição do sofrimento impacta na melhoria da qualidade de vida, o funcionamento e a esperança na vida de quem possui algum transtorno mental. A saúde mental ajuda, inclusive, no desenvolvimento financeiro de um país.
No Brasil, temos o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial). Os CAPS são encontrados em todo Brasil, com pontos funcionando 24 horas e todos os dias da semana. Em 2020, os números de pontos de atendimento subiram para 2.657, distribuídos em todo território nacional e é utilizado mais da metade da população que possui um problema de saúde mental. O CAPS é eficaz para colaborar com a autonomia, a recuperação de pessoas e é um local no qual as pessoas e familiares informam bons níveis de satisfação de atendimento.
A saúde mental é flutuante e se modifica a partir das respostas frente a problemas e estresse que vamos passando. Logo, o cuidado precisa ser constante, desde a infância até a velhice. Afinal, ter um transtorno mental não precisa ser sinônimo de limitação. Com os cuidados e atenção necessários é possível se desenvolver, apesar das dificuldades enfrentadas. Toda pessoa tem direito à saúde mental, é um direito básico, não importa quem se é ou onde se está.
Marihá Lopes, psicóloga clínica, especialista em terapia cognitiva comportamental e Doutora em Psicologia Social
Fonte: Gazeta Digital