Areportagem a seguir foi publicada originalmente em dezembro de 2023 e atualizada em março de 2024.
Parte do Brasil enfrenta agora a terceira onda de calor de 2024.
Ãreas do Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil enfrentam nesta semana (11 a 15 de março) uma nova onda de calor, segundo alerta do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), com temperaturas que podem chegar a 40°C em alguns locais.
Com a previsão de temperatura 5ºC acima da média por três a cinco dias, o Inmet emitiu um alerta de perigo pelo risco à saúde.
Nesse contexto, existe uma população específica que precisa redobrar os cuidados quando a temperatura sobe além da conta: os portadores de doenças cardiovasculares, como hipertensão, diabetes, arritmias, insuficiência cardíaca, entre outras.
Ao lado de crianças pequenas e idosos, eles fazem parte de uma espécie de grupo de risco, pois estão mais vulneráveis aos impactos do calorão na saúde.
Para ter ideia do tamanho do problema, pesquisadores das universidades de Adelaide e Sydney, na Austrália, calculam que a exposição contínua a temperaturas mais altas aumenta em 11,7% o risco de mortalidade, com as doenças cardiovasculares como a principal causa de óbito nesse contexto.
Segundo os autores, o perigo é ainda maior para mulheres, indivíduos acima dos 65 anos, quem mora em regiões tropicais ou cidadãos de países menos desenvolvidos.
Mas o que o calor tem a ver com o coração? A BBC News Brasil conversou com especialistas para entender os impactos desses eventos climáticos extremos na saúde do peito — e como diminuir eventuais riscos.
Onda de calor: como o organismo tenta se adaptar
O médico Marcelo Franken, diretor da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), lembra que somos seres homeotérmicos. Isso significa que a nossa temperatura corporal se mantém constante, independentemente de quão quente ou frio está o meio externo.
"Em condições normais, nossa temperatura corporal varia entre 35,5 e 37,5 ºC", estima ele, que também é gerente de Cardiologia do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
Para garantir esse balanço, nós temos uma série de "termostatos naturais" espalhados pelo organismo. Esses controles, mediados pelo Sistema Nervoso Central, monitoram a temperatura e lançam uma série de medidas para voltar a um equilíbrio térmico, se necessário.
Vamos focar no calor: o aumento da temperatura do ambiente influencia diretamente o nosso corpo, que também esquenta.
Para lidar com isso, o sistema nervoso lança uma série de ações emergenciais. A primeira delas é aumentar a sudorese, ou a liberação de suor através da pele. A segunda envolve relaxar e dilatar os vasos sanguíneos mais superficiais, de modo a liberar calor para o meio externo.
Essas medidas têm o objetivo de resfriar o organismo, para que ele volte àquele limiar dos 35,5 e 37,5 ºC — e elas costumam funcionar bem na maioria dos casos.
Mas há situações em que essas estratégias não são suficientes ou podem se tornar até prejudiciais. No primeiro cenário, o calor está tão alto que nem o suadouro, nem a dilatação de veias e artérias, dão conta do recado.
No segundo, a liberação de suor pelas glândulas sudoríparas é tão intensa que gera um quadro de desidratação — quando a quantidade de líquido no corpo está abaixo do necessário para que órgãos e células funcionem de forma adequada.
CNN BRASIL