Fruto de edital interno da Fiocruz, o filme é uma realização do Departamento de Endemias Samuel Pessoa da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca-Fiocruz e tem patrocínio da Johnson&Johnson, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Segundo a diretora Fernanda Kopanakis, o número de mulheres com histórias interessantes de combate à covid-19 entrevistadas pela equipe surpreendeu os organizadores do documentário. "Era um monte de histórias que não acabava", disse Fernanda à Agência Brasil.
Ela se mostrou surpresa com a disponibilidade das pessoas para falar sobre os momentos de dor e de abandono que viveram na época da pandemia de covid-19. "O que nos chamou muito a atenção, a mim e ao Ivan, é que a referência, nós, foi completamente diversa no momento do auge da pandemia."Privilégios
Fernanda destacou que, como mulher branca, com vários privilégios, como morar em uma casa que não compartilhava com muita gente, constatou que sua vida era muito diferente da vida da maioria das pessoas nas periferias brasileiras. "É muito diferente da realidade da periferia do Rio de Janeiro. Completamente diferente. A gente fez o trabalho com o coração na mão porque o desejo de entrevistar mais mulheres era muito grande, porque tinha, e tem, muita mulher incrível que fez essa passagem e o caminho da pandemia de forma impressionante. A comunicação é muito diferente para nós, em geral, e para essas mulheres da periferia", afirmou.
Segundo Fernanda, os boletins que eram divulgados para a população sobre o número de pessoas contaminadas pela covid-19 não existiam na periferia. "Não tinha nem dado na periferia para levantar quantas pessoas tinham sido contaminadas no espaço de 24 horas ou 48 horas. Isso não existiu."
Os realizadores do documentário contaram com apoio de uma pesquisadora da Fiocruz para pensar essa realidade, que não era a realidade de quem está fora das periferias. Foram entrevistadas muitas mulheres residentes em Manguinhos, periferia do entorno da Fiocruz, na zona norte do Rio. "Isso foi muito interessante, porque estamos falando para além do muro da Fiocruz. Essas mulheres foram incríveis. Também tivemos as quilombolas, as indígenas."
A produção do filme foi precedida de um encontro com líderes da área da saúde, em geral, em Manguinhos, que têm relação com a Fiocruz. A partir daí, os diretores tiveram acesso a muitas mulheres. "A Fiocruz foi muito importante, abriu muito as portas para que a gente conseguisse realizar esse trabalho."
Nas redes
O documentário será disponibilizado no canal da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca-Fiocruz no YouTube e no acervo digital do Vídeo Saúde, distribuidora de produções audiovisuais da Fiocruz.
Serão ainda realizadas oficinas em Maricá, na região metropolitana do Rio, em data ainda a ser definida, sobre a realização do documentário, voltado para alunos da escola de cinema local. Depois, a ideia é manter a produção nas redes sociais à disposição do público. "Quanto mais gente ver, melhor".
A oficina também será colocada na internet. "A ideia é deixar aberto tudo, tanto o filme como as oficinas. É muito importante compartilhar a experiência, vivenciar a experiência a partir de outros olhares que não são os nossos, que conseguimos [nos] vacinar, e por aí vai", disse Fernanda.
Agência Brasil