Após assassinatos de motoristas de aplicativo por um grupo de jovens em Cuiabá e Várzea Grande, que chocaram os mato-grossenses, a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) desenvolveu um programa para que aqueles que forem vítimas de assaltos ou outros crimes possam acionar as forças de segurança diretamente e terem seus veículos monitorados por câmeras nas ruas. O Vigia Mais Motorista foi bem recebido pela classe, que viu nele uma alternativa menos burocrática e com mais opções de acionamento, já que o alerta pode ser feito pelo celular, por botão físico ou através de comando de voz.
Elizeu Rosa Coelho, 58, Nilson Nogueira, 42, e Márcio Rogério Carneiro, 34, foram mortos enquanto estavam trabalhando entre os dias 11 e 14 de abril deste ano. O crime chocou a sociedade após os suspeitos confessarem que continuariam matando mais motoristas caso não fossem pegos.
Em resposta ao crime bárbaro, ainda em abril a Sesp iniciou as reuniões em busca de soluções para trazer mais segurança aos motoristas. Em maio foi feita uma pesquisa sobre aplicativos que poderiam ser utilizados para acionar a polícia e a Uber e a 99 informaram que suas plataformas já oferecem botões de emergência. A Sesp, porém, entendeu que a medida não seria a mais eficiente.
No mês de junho a plataforma própria da secretaria foi desenvolvida e os testes iniciados. Na manhã de hoje (23), então, o Vigia Mais Motorista foi lançado e já possui 50 cadastrados.
O programa traz a possibilidade de 3 tipos de ativação. O motorista pode acionar a polícia através de toque no celular, através de um botão físico ou também por reconhecimento de voz. Cada motorista poderá criar uma palavra-chave própria, uma senha para acionar a polícia. Ele então será acompanhado, de imediato, pelo Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (CIOSP) com suas câmeras de segurança espalhadas pela cidade e também por georreferenciamento.
"É uma extensão do Programa Vigia Mais MT, com o objetivo de dar um pouco mais de segurança utilizando os mecanismos eletrônicos que nós já temos. Já temos hoje o botão do pânico para a mulher, temos o botão de pânico das escolas [...] que entram em contato com a Central do CIOSP ou com qualquer batalhão no interior de Mato Grosso, dando uma resposta rápida e imediata", disse o governador Mauro Mendes.
Com o acompanhamento em tempo real, o motorista será abordado por alguma equipe da Polícia Militar e só após a conclusão do atendimento o monitoramento será encerrado. De acordo com a Sesp a vantagem é que a ligação será direta com o CIOSP, não passará pelo 190.
"Foi feita uma adaptação na tecnologia pelos nossos próprios profissionais da Secretaria, sem a contratação de uma empresa terceirizada. A partir de hoje, [haverá] um cadastro de cada um [...] e agora nós estamos abrindo para que profissionais de Uber, de táxis, de outros aplicativos, mototáxis e motoristas de caminhões possam acessar esta forma de se comunicar rapidamente. Com o sistema de monitoramento que nós temos e com as câmeras, rapidamente nós conseguimos, em tempo real, prestar um serviço de auxílio nas emergências que foram acionadas", esclareceu o governador.
A presidente do Sindicato dos Motoristas de Aplicativo de Mato Grosso (Sindmapp-MT), Solange Menacho, disse que durante os 2 meses de testes não houve ocorrências. Ela espera que os cerca de 6 mil motoristas de aplicativo de Mato Grosso façam o cadastro para poder utilizar o programa do Governo. Ela explicou, no entanto, que para isso terão que ser sindicalizados.
Sobre as alternativas que os próprios aplicativos já oferecem, como os botões de emergência da Uber e 99, ela considerou que seria uma opção mais demorada.
"O botão que os aplicativos mesmos nos dão, ele não é viável porque até o motorista abrir a tela para poder acionar, nisso vai acionar em São Paulo e lá vão ter que ligar no 190. Já este nosso é só bater na tela", explicou.
Gazeta Digital